domingo, 23 de janeiro de 2011

Capitulo 58.

COMER, REZAR, AMAR - ELIZABETH GILBERT

" Minhas preces estão se tornando mais deliberadas e mais específicas. Ocorreu-me que não adianta enviar preces preguiçosas ao universo. Toda manhã, antes da meditação, eu me ajoelho no templo e converso com Deus durante alguns minutos. Durante a minha estadia no ashram, descobri que, durante essas conversas divinas, eu andava meio distraída. Cansadas, confusas e entediadas, minhas preces soavam iguais.
Lembro-me de me ajoelhar certa manhã, de encostar a testa no chão e de murmurar para meu criador:
- Ah, eu não sei do que preciso...mas você deve ter algumas idéias...então cuide disso tá?
Do mesmo jeito que tantas vezes falo com minha cabeleireira.
E desculpe-me mais isso é meio fraco. É possível imaginar Deus considerando essa prece coma sobrancelha arqueada, e devolvendo o seguinte recado: "Procure-me de novo quando resolver levar isso a sério."
(...)
A prece é um relacionamento. Metade do trabalho é meu. Se eu quiser transformação, mas sequer for capaz de articular qual exatamente é o meu objetivo como ela pode ocorrer? Metade do que se ganha com a prece está no próprio ato de pedir, de oferecer uma intenção claramente articulada e refletida. Se você não tiver isto, todas as suas súplicas e desejos não têm sustento, são desconjuntados, inertes, rodopiam a seus pés em uma bruma fria, mas nunca se erguem.
(...)
Sinto que o destino também é um relacionamento- uma interação entre a graça divina e o esforço pessoal direcionado. Sobre metade dele você não tem o menor controle, a outra metade está completamente nas suas mãos, e suas ações terão conseqüências perceptíveis. O homem não é nem uma marionete dos deuses, nem tampouco é senhor do seu próprio destino, ele é um pouco de ambos.Galopamos pela vida como artistas de circo, equilibrados em dois cavalos que correm lado a lado a toda velocidade- com um pé sobre o cavalo chamado "destino", e outro cavalo chamado "livre-arbítrio". E a pergunta que você precisa fazer todos os dias é: Qual dos dois cavalos é qual?, Com qual cavalo devo parar de me preocupar, porque ele não está sob meu controle, e qual deles preciso guiar com esforço concentrado?
(...)





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